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"O Caminho do Andarilho Solitário" de Miyamoto Musashi

Na obra de William Scott Wilson, "O Samurai: A Vida de Miyamoto Musashi"(2006), foi feita referência ao último escrito deste que foi o maior e mais bem sucedido espadachim da história do Japão, para aquilo que os japoneses entendem como o ideal máximo do "bushido": o Caminho do Guerreiro . Trata-se de um manuscrito composto de 21 máximas, representativas do que Musashi entendeu sobre o que deveria ser, para ele, a evolução no Caminho das Artes Marciais, o qual não estaria separado da evolução pessoal na vida prática cotidiana. Musashi entendia que o caminho das artes marciais não é diferente, e mais além, ele conduz à compreensão de todos os outros caminhos da vida - todos podem nos levar a um patamar diferenciado de vivência e de sabedoria, desde que nos comprometamos e nos disciplinemos neste sentido. O Caminho das Artes Marciais é um meio para uma vida melhor.


Deixado como um presente de imenso valor para a cultura marcial de todos os tempos, estamos diante de um resumo da vida de Musashi, que encarnou, como ninguém, o preceito conhecido como "uruwashi": "o duplo caminho das armas e das artes." Fala-se de "O Caminho do Andarilho Solitário", escrito por Miyamoto Musashi, em 12 de maio de 1645. Na ocasião, o mais famoso "ronin" da História, esse honorável 'samurai sem dono', já estava à beira de sua passagem para os mundos espirituais, mas quis, antes, nos deixar seu precioso legado.


Wilson rebatiza esse manuscrito como "O Caminho da Independência", com o fim de enfatizar o que seria realmente desejável, do ponto de vista de Musashi, para a plena realização do guerreiro: sua autonomia, a qual se manifestaria, ao mesmo tempo, por sua vida marcial, entendida nos sentidos práticos-técnicos e teóricos-espirituais, e sua vida do dia a dia, como homem comum. Bem, não tão comum assim...


Espero que as próximas pílulas de sabedoria e vida sejam úteis a cada leitor do Cultura de Combate.


Seguem as 21 máximas musashianas:


"Não ignore os vários Caminhos que existem no mundo.

Não programe o prazer físico.

Não pretenda confiar em coisa alguma.

Considere a si mesmo com leveza; considere o mundo com profundidade.

Nunca pense em termos aquisitivos.

Não se lamente de sua vida pessoal.

Não inveje nem o bem nem o mal dos outros.

Não lamente partir por qualquer caminho que seja.

Não se queixe ou se torne uma pessoa amarga consigo ou com os outros.

Não se anime ao se aproximar da vereda do amor.

Não tenha preferências.

Não fomente esperanças para sua morada pessoal.

Não tenha preferência por alimentos deliciosos para si próprio.

Não carregue antiguidades passadas de uma geração a outra.

Não jejue a ponto de afetar sua saúde.

Embora o equipamento militar seja um assunto diferente, não se afeiçoe às coisas materiais.

Enquanto estiver no Caminho, não inveje a morte.

Não tenha a intenção de possuir objetos de valor ou um feudo na velhice.

Respeite deuses e budas, mas não conte com eles.

Ainda que abandone sua vida, não abandone sua honra.

Nunca se afaste do Caminho das Artes Marciais."

SANTOSHA

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