Então, você quer mesmo ser um Guerreiro...

Então, você quer mesmo ser um Guerreiro...

... mas está preparado para aprender a sofrer e a morrer?

Guerreiros são forjados na têmpera da dor, moldados a quente e a frio. Se quer ser Guerreiro, apresente, então, sua vocação para a arte de sofrer e de transformar-se.

Guerreiros são feitos de aço e de ferro, porque antes passaram pelo fogo, pela água, sendo esmagados pelas batidas entre o martelo e a bigorna.

Guerreiros só conquistam poder e equilíbrio, após terem provado da fraqueza e do medo, seja nas erupções violentas da raiva explosiva, do ódio, da impulsividade; seja nas imersões profundas no arrependimento, na tristeza e no isolamento em si mesmos.

Guerreiros jamais alcançam as alturas da nobreza de caráter, sem nunca terem passado pelas agruras das humilhações, dos fracassos, das subestimações.

Guerreiros nunca são guerreiros, se não souberam aniquilar em si próprios, as pretensões e inconsequências típicas dos "heróis", dos atos pueris de adolescentes inconsequentes, ou do que há de pior dos sádicos e masoquistas.

Guerreiros não merecem esse nome se, anteriormente, não conquistaram, com sangue, suor e lágrimas, as exigentes virtudes da sabedoria, da compaixão e do altruísmo, acima de toda e qualquer glória vã.

Guerreiros não são dignos dessa graduação se, antes de tudo, em seu processo evolutivo, não adquiriram a maturidade que somente vem com anos de entrega, resignação e resiliência - o que jamais se consegue com meras titulações e atos suspeitos, por feitos duvidosos ou motivações escusas.

Guerreiros não são aqueles que combatem por qualquer motivo egoísta, torpe ou desumano que seja; senão por um único, que é o de uma Causa Maior, para além dele mesmo e realmente grande: o Bem Comum.

Guerreiros não são, jamais, aqueles recrutados e treinados, por curto tempo, para uma missão qualquer, em nome do que quer que seja; mas, sim, aqueles que devotam todo o seu ser, seu corpo, sua alma e seu espírito, todos os seus dias para, a qualquer momento, preparados que sempre estão, em função de algo que seja profundamente significativo, digno, justo, de real e eterno valor.

Guerreiros não são pagos para servir a A ou B, como se se equivalessem a mercenários, que lutam por algum preço; ou a Estado X ou Y, como se reduzissem a meros funcionários, obedientes servis, dotados unicamente de fé cega e faca amolada. Não! Guerreiros, ao contrário, não visam salários, glórias ou fama. Guerreiros visam a uma Verdade outra.

Guerreiros apenas colocam na ponta de suas armas e suas mãos vazias, a sua própria vida, e junto com ela, seu inestimável dom de servir à Vida, como um todo, mesmo que com o preço de insuportáveis sofrimentos ou da sua própria morte.

Enquanto alguns vão à guerra preparados para matar, guerreiros combatem preparados para morrer.

Podem existir aqueles que se julgam "guerreiros" por haver aprendido artes de matar, mas nunca o serão, pois que Guerreiros, de fato, só o são, porque aprenderam o dom, que, em verdade, só acompanha os que se tornaram mestres na arte de morrer, interna e externamente, simbólica ou literalmente.

Jamais se arrogue em se chamar de Guerreiro se, acima de tudo, não estiver disposto a matar em si mesmo, tamanha pretensão, sem antes não submeter-se, inteira e exclusivamente, a um chamado tão digno quanto responsável, tão valoroso quanto árduo, tão nobre quanto comprometedor.

Se você pretende ser Guerreiro, prepare-se para morrer!

SANTOSHA